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terça-feira, 9 de setembro de 2014

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O que tem a ver Movimento Punk, Hambúrguer Gourmet e Gentrification?



“Gentri o quê?” Calma, nós explicamos: Gentrification é um fenômeno observado normalmente em grandes metrópoles, quando um bairro passa por intervenções urbanísticas gerando aumento do padrão imobiliário, elitização cultural, dentre outras transformações que modificam o caráter original da área em questão, o que pode ou não ser bastante problemático do ponto de vista social. Você já ouviu falar alguma vez em processo de revitalização urbana, certo? Provavelmente era um processo que gerou Gentrification.

Um caso que cada vez mais chama atenção no Brasil é a “gentrificação” do Vidigal, no Rio, mas talvez o exemplo recente mais famoso seja Williamsburg, reduto hipster do Brooklyn/New York que este ano foi ferozmente criticada por ninguém menos que Spike Lee.  Porém não vamos falar de Nova Iorque. O cenário é Washington D.C.; o movimento é o punk. Se antigamente a cena tinha motivações principalmente políticas para descarregar toda sua raiva e protesto, hoje o processo de Gentrification na capital americana é o pano de fundo para a resistência do movimento. “O punk não está morto, ele apenas tornou-se local” – é o que garante um artigo publicado semana passada no CityLab.

A afirmação é feita com base no fato de que desde a década passada, as bandas da cena Hardcore Punk de Washington vem abordando o tema da Gentrification de maneira contundente. Mas aparentemente a coisa ficou séria há pouco tempo, quando o Satellite Room, bar da moda (que por tabela simboliza essa transformação cultural fruto da Gentrification em Washington) ironicamente batizou um de seus hambúrgueres gourmet – com 180g de carne, fígado de galinha e um delicioso molho Aioli – de Ian MacKaye, nome de uma das principais figuras do movimento punk no mundo inteiro e líder das bandas Minor Threat e Fugazzi, referências no gênero. Até aí tudo bem, exceto pelo fato de que MacKaye é assumidamente Vegan... Tem noção da treta?

Poucos dias após o lançamento do apetitoso “Ian MacKaye”, acabou sobrando para o Brixton, outro bar de propriedade dos mesmos donos do Satellite Room. Ambos os estabelecimentos foram citados pela banda local Jack on Fire, em uma música que canta algo como “Que-Que-Queimem o Brixton / Mande-os para a desgraça /E então todos nós tomaremos milk-shake no Satellite Room”:



No caso de Washington foi uma pedra atirada no vespeiro punk que fez a cidade reviver dias agitados na sua cena underground. Mas entre músicas de protesto e reações coxinhas, fica a reflexão de que as cidades continuam (talvez com maior fôlego ultimamente) influenciando a maneira como os artistas vivenciam seus trabalhos, trazendo propósito para a música, os movimentos e a arte em geral. Nas particularidades de cada contexto, surge a possibilidade  de uma produção artística que realmente faça sentido... Já pensou que bacana uma cena musical em Floripa falando sobre mobilidade urbana ou ostentação em Jurerê no verão?

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